sexta-feira, 14 de julho de 2023

ANALFABETISMO FUNCIONAL e CONCURSOS PÚBLICOS: precisamos conversar abertamente sobre isso!

Um dos grandes desafios que o nosso País enfrenta, nas últimas décadas, em se tratando de educação, é, sem sombra de dúvidas, o analfabetismo funcional.

O problema é mais grave do que se imagina. Segundo especialistas, o analfabetismo funcional está presente em todas as faixas escolares, inclusive no ensino superior.

Parece mentira, mas não é! O indicador de Analfabetismo Funcional (INAF) apontou que 17,4 milhões dos 144,7 milhões de brasileiros, entre 15 e 64 anos, estão nesta condição. Apesar dos resultados da pesquisa, o percentual ainda pode ser maior levando em consideração outras variáveis.

O problema é o seguinte: a pessoa lê, e não entende o que está escrito... isso é grave!

Em outras palavras, o analfabetismo funcional está relacionado com a dificuldade de compreensão e elaboração de textos, embora o indivíduo seja tecnicamente alfabetizado.

Para agravar a situação, as pessoas que sofrem com esse problema e que buscam melhorar de vida, especialmente por meio dos concursos públicos, tendem a absorver um complexo conteúdo programático de forma equivocada e insuficiente.

Muitas vezes, pela deficiência estudantil, acabam aderindo a ditas "fórmulas mágicas", atalhos e outras pseudofacilidades, ofertadas por vendedores de cursos que só visam o lucro e nem se preocupam se o que comercializam, de fato, ensina ou não o que deveria, ou seja, a interpretar as questões inéditas, contextualizadas e com pegadinhas das bancas, com base no desenvolvimento de um raciocínio lógico sobre a teoria.

A verdade é que há uma enorme quantidade de material (aulas, PDFs, apostilas...) ofertada por cursos e seus vendedores, (diga-se de passagem, não são todos), elaborada com base em repetecos decorados, mnemônicos, "técnicas de chute", mapas mentais, etc... a partir de questões passadas, que não vão mais se repetir nas provas - Relembrando: para enfrentar questões inéditas, contextualizadas e com pegadinhas.

Resumindo: tem muito material que é produzido com base em questões que já foram cobradas em outros concursos, e que só serve mesmo para responder estas mesmas questões, que, na sua esmagadora maioria, não se repetem e nem podem se repetir nas provas, sob pena de plágio. 

Estudar por questões passadas, até um certo ponto, pode até proveitoso, consolida o conhecimento, mas o estudo não pode ficar só nisso, eis que existem várias outras hipóteses de cobrança sobre um determinado tema, que, normalmente, são exploradas pelas bancas. 

Ou seja, as pessoas são induzidas a pensar que vão conseguir responder as questões novas, apenas com base nas que já foram cobradas e a partir do ensinamento teórico absorvido, este elaborado com fundamento naquelas mesmas questões passadas, comumente apresentadas ao final das apostilas ou como material de aula - Um trágico ciclo vicioso e ilusório, totalmente distante do importante conhecimento que se deve ter sobre as diretrizes, padrões e tendências de contextualização e capciosidade próprios de cada banca - Aliás, diga-se de passagem, Isto sim é conhecer a banca!

E, diante desse cenário, a pessoa que sofre com o analfabetismo funcional deve fazer o quê para conseguir superá-lo?!

Acredito que as pessoas que sofrem com o analfabetismo funcional, em primeiro lugar, devem se conscientizar de que estudar é uma tarefa muito difícil, não existem soluções a médio e curto prazo, não existem fórmulas mágicas; estudar dói muito e exige dedicação e paciência.

A aquisição do conhecimento envolve, várias vezes, a construção, desconstrução e reconstrução de paradigmas. Estas ações, por sua vez, dependem de (re)questionamentos sobre afirmações e seus fundamentos: o que? Por que? Para que? Como? Quando? Onde? E se...? Isso é estudar de verdade! 

Ledo engano achar que por meio do mnemônico "SOCIDIVAPLU", por exemplo, alguém conseguirá responder qualquer questão sobre os fundamentos da República Federativa do Brasil (RFB), art1º, incisos de I a V, da CF/88. Quer tirar a prova dos nove? Então, experimente responder a seguinte questão:

"É fundamento da RFB o elemento-atributo de o povo se fazer obedecer e respeitar, intrínseca e extrinsecamente ao País" - Certo ou Errado? Dá para responder isto com SOCIDIVAPLU? É claro que não!

Em segundo lugar, deve-se ter paciência de "aprender a aprender", ou melhor, aprender a estudar. É impressionante como tem gente que não sabe estudar, resiste ao verdadeiro estudo, justifica ou nega as suas falhas e, no final, pela comum ansiedade ou irritação, acaba tentando desastrosamente encurtar o caminho em busca de algo que depende de tempo: o conhecimento! Só que não há atalho e, nesse sentido, não é somente a pressa que existe como inimiga da perfeição, a falta de humildade de muitos também é perceptível.

Em terceiro e último lugar, é importante que essas pessoas tenham um acompanhamento personalizado com um professor experiente e exigente - este último sendo o diferencial. A preparação para concursos públicos é um caminho árduo e tentar percorrê-lo sozinho, sem orientação, invariavelmente, gerará um sofrimento muito maior e sem garantias de sucesso. Um professor (experiente e exigente) sempre conduzirá os estudos de forma metodológica, para a obtenção de resultados; saberá quando facilitar para o aluno entender e quando dificultar para fortalecê-lo.

Enfim, aqueles que sofrem com o analfabetismo funcional, não devem jamais se envergonhar; e se adquirirem consciência, paciência, humildade e procurarem ajuda, sempre sairão na frente da maioria dos seus concorrentes, que preferem continuar driblando o verdadeiro estudo.

Prof. Ronaldo Rocha